terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O MÉTODO ESCUTISTA

                                   A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO ESCUTISTA  

A Pedagogia Escutista e, como outras Pedagogias, um ideal de educação que tem valores próprios e um método para atingir esses valores. Podemos dizer que o Escutismo e um Movimento que visa a educação integral da pessoa e educar integralmente significa promover o homem no seu todo, isto e, as suas dimensões física, cognitiva, afectiva, social, moral e religiosa. O Movimento Escutista apresenta-se assim como um “Projecto Educativo”, e no Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português, sendo um movimento da Igreja Católica, e a Fé em Jesus Cristo que dá sentido aos valores propostos a todos os seus escuteiros como meta de educação, o de serem os Homens Novos.

VALORES DO ESCUTISMO (FINALIDADES EDUCATIVAS).

O fundador do Escutismo Baden Powell, definiu as Finalidades Educativas do seguinte modo:

“A finalidade da formação Escutista e melhorar o nível dos nossos futuros cidadãos, especialmente no que diz respeito a CARÁCTER E SAÚDE; substituir o egoísmo pelo serviço, tornar os moços individualmente capazes, moral e físicamente, com o fim de aproveitar essa capacidade para servir os seus semelhantes.”

(In Auxiliar do Chefe-Escuta)

“Nao deixes a técnica sobrepor-se a moral. O desembaraco em campo, a arte do explorador, o campismo, as expedições, as boas acções, os Jamborees, a camaradagem, tudo isso são meios, não o fim a atingir. O fim e o carácter – carácter com um propósito e que a próxima geração seja dotada de bom senso num mundo insensato, e desenvolver a mais elevada concretização do serviço, que e o Serviço activo do Amor e do Dever para com Deus e o próximo.”

(in O Rasto do Fundador)

Embora tenha havido ao longo dos anos algumas adaptações de linguagem, as Finalidades Educativas do Escutismo, mantem a fidelidade ao preconizado pelo fundador Baden Powell. Hoje as Finalidades Educativas do Escutismo caracterizam-se da seguinte forma:

Relação consigo próprio

Relação com o seu corpo

Relação com o meio

Relação com os outros

Relação com Deus
Estas Finalidades encerram em si valores universais que constituem o Ideal Escutista e que, de uma forma sintética, se podem caracterizar da seguinte forma:

Relação consigo proprio: Desenvolvimento do Carácter

Honra, responsabilidade, obediência, verdade, lealdade, confiança, alegria, liberdade, humildade, coragem, sentido crítico, ...

Relação com o seu corpo: Desenvolvimento físico/saúde

Saúde, competência, higiene pessoal, alimentação, esforço, pureza, sacríficio, alma sã em corpo são, ...

Relação com o meio: Desenvolvimento prático/criatividade

Inventar, criar, transformar, não dependência, respeito, protecção, harmonia,...

Relação com os outros: Desenvolvimento da solidariedade/sentido dos outros

Sentido comunitário, a vida em sociedade, fraternidade universal, caridade,
corresponsabilidade, amizade, respeito, ...

 Relação com Deus: Desenvolvimento espiritual

Dever para com Deus, sentido criatural, sentido filial, fé aplicada a vida, comunhão, procura, peregrinação, felicidade, ...

Estas Finalidades Educativas consubstanciam para nós a educação integral, porque abrangem todos os aspectos e dimensões da pessoa; melhorar o carácter e a saúde, substituir o egoísmo pelo serviço, dotar de bom senso, são sinais claros de uma educação integral. A pessoa e no entanto um todo, único e irrepetivel, e tudo nela esta ao serviço do todo, falhar um aspecto ou uma dimensão e falhar a pessoa.

Para além de integral pretende-se uma educação harmoniosa, tendo em conta uma
equilibrada realização de todos os aspectos e dimensões da pessoa, e progressiva,
respeitando o natural despertar das potencialidades do ritmo, da idade, e das várias
dimensões.

OS VALORES DO ESCUTISMO EXPRESSAM-SE ATRAVÉS:

• Da Lei do Escuta

• Dos Princípios do Escuta

• Da Promessa do Escuta

A Lei do Escuta nasce com o Escutismo em Brownsea, em 1907. E nasce como uma sólida regra de jogo, deste novo método de educação. Na leitura de qualquer Artigo da Lei não se verificam quaisquer imposições ou impedimentos, mas a afirmação de um certo número de verdades que devem definir o perfil de um Escuta. O Escuta e a Lei, ser escuteiro e cumprir a sua Lei. Desde cedo o jovem pode formar a sua consciência tendo como referência esta Lei definida em dez artigos: o jovem julga-se a si mesmo e examina se corresponde a esta definição. Basta que a Lei seja a regra do jogo, pois ao jogar-se, os valores nela contidos são adquiridos naturalmente.

LEI DO ESCUTA

1. A honra do Escuta inspira confiança.

2. O Escuta e leal.

3. O Escuta e util e pratica diáriamente uma boa acção.

4. O Escuta e amigo de todos e irmão de todos os outros Escutas.

5. O Escuta e delicado e respeitador.

6. O Escuta protege as plantas e os animais.

7. O Escuta e obediente.

8. O Escuta tem sempre boa disposição de espírito.

9. O Escuta e sóbrio, económico e respeitador do bem alheio.

10. O Escuta e puro nos pensamentos nas palavras e nas acções.

PRINCÍPIOS DO ESCUTA

1. O Escuta orgulha-se da sua fé e por ela orienta toda a sua vida.

2. O Escuta e filho de Portugal e bom cidadão.

3. O dever do Escuta começa em casa.

PROMESSA DO ESCUTA

Prometo pela minha honra e com a graça de Deus, fazer todo o possivel por:

1. Cumprir os meus deveres para com Deus, a Igreja e a Pátria.

2. Auxiliar os meus semelhantes em todas as circunstâncias.

3. Obedecer a Lei do Escuta.

O MÉTODO ESCUTISTA

A singularidade e as vantagens do Método Escutista, e que este e baseado num fenómeno espontâneo de intermediação que se observa na criança e no adolescente:

o Jogo.

O “Jogo” e o primeiro grande educador – isto e tão verdade para os animais como para os homens. Ensinamos os nossos escuteiros no desenvolvimento do “Jogo Escutista”, a fazerem pequenas coisas que os tornarão capazes, a seu tempo, de fazer outras coisas maiores a sério.

O “Jogo”, atrai, provoca, motiva, desafia, torna-se algo importante na vida das nossas
crianças e dos nossos jovens.

Os elementos que compõem o “Jogo Social Espontâneo”, foram integralmente
transportados para o Método Escutista pelo génio de Baden Powell, como se pode constatar pelo quadro que se mostra:

DO JOGO SOCIAL
ESPONTÂNEO
DINÂMICA DO JOGO
SOCIAL
DINÂMICA DO JOGO ESCUTISTA
Acção
As crianças são
incansáveis nunca as
vemos sem fazer
nada.

A acção esta presente em cada uma das actividades semanais, nas Actividades Típicas de cada uma das Secções (Caçadas, Aventuras, Empreendimentos, Caminhadas), de duração varvel conforme a idade completadas com um sistema de progresso.

ACTIVIDADES TÍPICAS
SISTEMA DE PROGRESSO
Imaginário
Sem um sonho
subjacente a acção
não as entusiasma.
Todos os projectos devem responder
as aspirações daqueles que os vão
viver; devem partir dos seus desejos e sonhos. Os sonhos materializam-se
num imaginário com personagens e
símbolos. O imaginário existe em todas as idades, apenas se torna menos explícito com o crescimento e vai-se transformando em situações reais.

MÍSTICA E SIMBOLOGIA
Grupos
Espontaneamente as
crianças agrupam-se
para jogar.

No Escutismo as associações naturais dao lugar aos Bandos, as Patrulhas e as Equipas. As possibilidades de desenvolvimento são muito maiores num pequeno grupo, com idade e interesses
próximos. As diferentes equipas podem concorrer para o mesmo trabalho, com tarefas diferentes; dá-se valor adiversidade, anulando conflitos, valoriza-se a cooperação e as relações sociais.

SISTEMA DE PATRULHAS



ELEMENTOS
DO JOGO SOCIAL
ESPONTÂNEO
DINÂMICA DO
JOGO SOCIAL
DINÂMICA DO JOGO ESCUTISTA
Funções
Não há jogo sem
equipas e papéis
definidos. Caso
contrário, depressa o
jogo cai na confusão.
Para além da liderança do pequeno grupo, cada membro desse mesmo grupo tem uma função específica, experimentando-se ao longo do tempo eventuais alterações as
funções exercidas (cargos nas equipas e tarefas requeridas nos vários projectos), o que permite ao jovens explorar as suas
possibilidades. Tornar-se responsável
por algo, leva cada jovem a tornar-se
a pouco e pouco responsável por si
próprio.
FUNÇÕES
Regras
Sem regras o jogo
degenera e a
equipa desagregase
A partir da adeo as regras do jogo (Promessa Escutista), faz-se a interiorização dos valores expressos na Lei do Escuta. A partir da vida comum do grupo, dos jogos que se fazem, das funções que se desempenham, exigências mais elaboradas vão sendo construídas.
LEI PRINCÍPIOS E PROMESSA
Espaço

Sede – casa que se habita, que se modifica a medida dos projectos; onde se pode afixar, expor, sentarse, falar, contar, expressar-se, instalar-se, ..., e depois se transforma tudo de novo porque o projecto acabou e se começa um outro. Natureza espaço privilegiado do desenvolvimento do Jogo Escutista, para onde devem ser canalizadas a maior parte das actividades escutistas; fonte de reequilibrios, de potenciais encontros
com o criador, de descobertas, de
experiencias, ...
SEDE/NATUREZA/AR LIVRE

O Método Escutista e assim um método natural, que funciona um pouco por si mesmo; oferece as nossas crianças, aos nossos adolescentes e aos nossos jovens, um espaço de liberdade, de criatividade e de crescimento, permitindo-lhes viver a sua vida dentro da sua idade, tudo isso jogando o Jogo Escutista, que no livro Baden Powell Hoje, 1975 e assim definido:

“O jogo permite ao jovem descobrir pouco a pouco a sua personalidade, a sua identidade, fazendo-o experimentar situações, funções diferentes; incitando a criança a descobrir as suas possibilidades e os seus gostos, mostrando-lhe que e capaz de construir e de, com os outros, levar a bom termo uma acção ou um projecto. O jogo permite a criança viver a experiência insubstituivel da criação de uma comunidade, onde cada um tem o seu lugar e deve respeitar os outros. Pelo jogo a criança explora o mundo que a rodeia. Os objectos e as situações adquirem um sentido, do mesmo modo que as regras e funções sociais. O jogo favorece assim a abstracção da realidade, permite a construção dum espaço simbólico interior, necessário a elaboração do pensamento.”

IMPORTÂNCIA DA MÍSTICA E SIMBOLOGIA NO PROJECTO ESCUTISTA

Todo o Projecto Escutista é desenvolvido em cada uma das secções tendo como pano de fundo uma Mística própria e diversos Símbolos. Falar da simbologia de uma Secção implica forçosamente falar da mística dessa mesma Secção.

Podemos definir mística como:

• Capacidade de pensar e agir de uma forma nova, a luz de uma escala de valores que foca as realidades, independentemente da sua utilidade;

• Espaco em que o homem se empenha na vivência dos valores propostos no Evangelho cuja força libertadora leva a intervenção social.

Ora, tratando-se da educação de crianças e jovens através do Escutismo, há que recorrer abundantemente a simbologia como linguagem ou expressão que ajuda a vivência da mística em cada Secção. Pode-se, mesmo, afirmar que a simbologia alimenta o imaginário.

“Assim, o símbolo vai imprimir a sensibilidade da criança um dinamismo afectivo novo, capaz de a levar a intuir, a captar, a ir mais além na apreensão do sentido profundo das coisas”. E, pois, urgente estarmos alerta para explorarmos e aplicarmos a toda a vida das Unidades a função formativa do símbolo. E tudo isto para que os valores que contam sejam assumidos progressivamente, de forma vivencial, e a Vida tenha sentido.

Efectivamente, o homem encontra-se num mundo onde não lhe são fornecidos sentidos acabados. Precisa de criar sentidos sempre novos e mais profundos, a fim de integrar a sua existência dentro de uma unidade universal. O símbolo e uma forma de linguagem que conduz o homem a uma compreensão mais profunda e englobante. Vai muito mais longe que a racionalidade do conceito. A linguagem simbólica precisa de ser interpelada. Não se impõe objectivamente. Atinge a pessoa na sua interioridade.

Os simbolos, sinais, gestos, mitos e outros que identificam a Secção a qual o jovem
pertence são a expressão exterior de algo muito mais profundo que se passa no interior de cada um. O reconhecimento de uma conquista ou de algo bem feito, através de um gesto ou de um desenho, podem ter um forte impacto nos jovens. São imagens difíceis de esquecer. Dai a importância de valorizar estes símbolos a sua real dimensão.

O jovem conhece e assume a realidade através de actividades que ele mesmo propõe ou elege, mas há qualquer coisa nelas que lhes dá um sentido especial. E algo de mágico, segredo e cumplicidade, ingredientes muito apropriados quando utilizados na medida certa e no sentido correcto.

A simbologia e toda a mística a ela associada, gera um ambiente educativo apropriado, motivador e desafiante, que podemos chamar pano de fundo.”

Daí a necessidade não só de conhecermos bem a simbologia de cada Secção, mas
também a capacidade de explorarmos os simbolos e de os aplicarmos nas mais variadas situações do dia-a-dia de uma Unidade e do Agrupamento.

MÍSTICA E SIMBOLOGIA DE CADA UMA DAS SECÇÕES:

I Secção

Mística

• Espirito da Alcateia (que se inspira na vida da selva e na história de Maugli,

baseada no “Livro da Selva” de Rudyard Kippling).

• Espírito de S. Francisco de Assis.

• Grande Uivo, Círculo de Conselho e o Círculo de Parada.

Simbologia

• Livro da Selva com todas as suas figuras (Maugli, Baguira, Ca, Xer Cane, Aquela e a sua Alcateia, etc.)

• Mastro de Honra.

• Bandeirolas de Bando.     

II Secção

Mística

• A figura do Explorador descrita por BP no “Escutismo para Rapazes” (homem bom que aprendeu, enquanto jovem, a conhecer e a amar a natureza, a ser auto-disciplinado e auto-suficiente, a adaptar-se ao meio ambiente em que vive, a respeitar e a viver com as outras pessoas.

• Os herois do Povo de Deus (as aventuras que as suas vidas encerram são um elemento catalisador, para que as actividades sejam fortemente marcadas por uma dinâmica que vai permitir ao pre-adolescente a descoberta do Homem, criado a imagem e semelhança de Deus.

• O espírito de S. Jorge, patrono desta Secção.

Simbologia    

• Totem de Patrulha.

• Lema da Patrulha.

• Bandeirola de Patrulha.

• Grito de Patrulha.

• Livro de Ouro.

III Secção

Mística

• Toda a mística desta Secção se baseia no mito do pioneiro. “Com o recurso a imagem do pioneiro pretende-se fazer sobressair valores significativos da

acção por eles empreendida, tais como:

- Procura de um Novo Mundo para início de uma nova vida.

- Descoberta de um mundo desconhecido.

- Acção, construção de um pais novo a partir do nada.

Destas três atitudes resultam valores que contribuem para o aparecimento e crescimento de uma personalidade forte, designadamente: autoconfiança, cooperação, solidariedade, justiça, espirito comunitário, organização, construção do idealismo, etc.

Simbologia

● Rosa dos Ventos.

● Gota de Água.

● Machada.

● Totem de Equipa.

● Divisa de Equipa.

● Bandeirola de Equipa.

● Livro de Honra.

IV Secção

Mística

Ao longo deste texto, em que se foi descrevendo de forma muito breve a mística de cada Secção e a simbologia que a expressa, podemos verificar que começamos pela mística do Livro da Selva, no qual se faz uma representação da sociedade, com os seus diversos personagens, apelando ao Lobito que domine os seus impetos individualistas e aprenda a viver em comunidade, ouvindo e aprendendo com os mais velhos. Na II Secção temos a figura do Explorador que significa aquele que aprende a ser auto-disciplinado e autosuficiente, a adaptar-se ao meio ambiente em que vive, a respeitar e a viver com as outras pessoas. Na III Secção, vai-se um pouco mais longe e parte-se do mito do Pioneiro, como figura daquele que se descobre e se constrói na fidelidade a grandes valores. Ha uma sequência da mística de cada Secção que acompanha o crescimento da criança e do jovem.

E chega-se a IV Secção fazendo-se a proposta do Homem Novo como ideal de vida. “O
caminho a seguir para o alcançar e a imagem do Apostolo Caminhante, S. Paulo,
associado aos valores das Bem-Aventuranças.”.

Simbologia

● Vara bifurcada.

● Mochila.

● Tenda.

● Pão.

● Evangelho.

● Fogo.

● Livro de Honra.



FONTES DE INFORMAÇÃO

● Escutismo para Rapazes.

● Sistema de Patrulhas.

● Metodologias Educativas de cada uma das quatro Secções.

● Mística e Simbologia do C.N.E.

● Estatutos e Regulamentos do C.N.E.


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